sexta-feira, 10 de junho de 2011

Saem os pneus, entram os tênis

Por Fernando Oliveira

O evento ocorre todo ano em São Paulo, atraindo milhares de participantes e espectadores. A São Silvestre é a mais tradicional corrida da cidade, passando por diversos pontos conhecidos da capital. Entre eles, o Minhocão, que deixa de ser suporte para pneus para ser trecho percorrido por milhares de pessoas com seus pares de calçados.

Wanderlei Alves tem 54 anos e afirma já ter participado de 11 edições da São Silvestre. "Me preparo o ano todo para esta corrida. Aprendi a ter paixão por essa prova, que me deu mais qualidade de vida. Não só isso, me apresentou também a cidade, que antes eu nem dava bola", esclarece.


vídeo compartilhado por espectador do evento

O atleta cinquentão vê, hoje, com carinho o elevado, que antes encarava como vilão. "Aprendi a respeitá-lo. Antes só passava por aqui com o carro, a caminho do trabalho. Depois fiquei sabendo que aqui o pessoal praticava corrida e caminhada aos finais de semana. Resolvi conhecer e não parei mais", afirma.

Wanderlei faz parte de um grupo de centenas de pessoas que frequentam o Minhocão para praticar atividades físicas. "É muito prazeroso, não tem barulho de buniza, nem fumaça, nem desrespeito de motorista. É bem tranquilo, saudável... É um passeio turístico por uma obra que todos vêem de maneira negativa. Recomendo!".

Documentário "Elevado 3.5"

Trailer do documentário Elevado 3.5, de João Sodré, Maíra Santi Bühler e Paulo Pastorelo, aborda o cotidiano de quem mora ou trabalha no Minhocão.

Demolição do Minhocão

Matéria veiculada no Jornal da Gazeta, na data de 06/05/2011.

O trambolho e suas modificações

Por Fernando Oliveira

Formado em Arquitetura e Urbanismo, Marcelo Fornereto adotou o bairro da Santa Cecília como lar no ano de 2003. "Eu precisava morar mais perto de tudo. Sou de Baurú. Aqui havia mais oportunidades de emprego, entre outras coisas", conta.

Naturalmente apaixonado pelas formas de arquitetônicas das construções da capital, Marcelo não via muita simpatia no trambolho de concreto estacionado ali, o famoso Minhocão. "Eu não gostava mesmo. Achava feio, muito cinza, tapava o sol do dia todo".


O que fez o arquiteto mudar de ideia foi exatamente a arte que Daniel, do post abaixo, tem como profissão, o graffiti. "Durante um bom período o Minhocão foi infestado por lindos graffitis, que considero um tipo de arte muito contemporâneo", conta. A partir disso, Marcelo mudou a sua concepção sobre o que antes achava feio e desajeitado, mas, para sua infelicidade, sua opinião voltou a mudar anos depois.

"Vejo o graffiti muito positivamente em todos os lugares, mas, no Minhocão, ele tem maior importância. Primeiramente porque embeleza o que é considerado feio pela grande maioria da população. Segundo por questões financeiras, já que a prefeitura não gastaria nada, pois a mão de obra é voluntária, além disso o turismo e valorização do espaço aumentam muito. É uma pena que poucos pensem assim. Hoje vejo o mesmo trambolho da época em que cheguei aqui, em 2003", lamenta.

Graffiti em extinção no elevado

Por Fernando Oliveira

Já há tanto tempo na cidade, o elevado passou por diversas modificações durante os anos. Talvez a que mais despertou a atenção de quem mora e passa pela região foi a onda de grafittis que tomou conta dos muros da obra, no começo de 2006.


Diversos grafiteiros ficaram responsáveis por transformar em arte as colunas de sustentação da via, que, desde a construção, sofriam pichações diariamente, o que acarretava altos custos à Prefeitura da cidade, que tinha de desembolsar parte da verba para cobrir os atos de vandalismo praticados pelos pichadores.

Atual prefeito da cidade, Gilberto Kassab, implementou novas medidas no que diz respeito à aparência do elevado. Todos os grafittis foram cobertos com nova pintura, esta de tonalidade cinza. Agora, nem pichação, nem grafittis são permitidos.

Morador da região, Daniel Greco tem o grafitti como profissão há 8 anos. "Lembro de quando todas as colunas eram grafitadas, eu tinha o sonho de expôr uma obra minha numa delas", recorda.

Para Daniel, o grafitti funcionava como barreira para os vândalos, além de embelezar a via e atrair turistas. "Eu via muitos 'gringos' por aqui, gente interessada por arte também, mais jovens. Olhar para o elevado era mais agradável. Artistas renomados tinham seus grafittis pintados aqui. Mas hoje é diferente, a política do atual prefeito proibiu isso. Até a tinta utilizada por eles tem um componente especial que evita que novos grafittis sejam pintados. Serve pra proibir a pichação, mas os grafiteiros também pagam o pato", lamenta.

Uma triste realidade do Minhocão

Bruno Pegoraro

http://www.youtube.com/watch?v=lb9GwAe7Pjk

Este vídeo produzido pela Folha de São Paulo, retrata a triste realidade dos usuários de crack na cidade. O Elevado Costa e Silva é um dos locais mais escolhidos por essas pessoas para utilizar a droga, e fazer o tráfico da mesma.

Muitos moradores das imediações do elevado, já reclamaram do altíssimo número de moradores de rua que praticam roubo, e uso de drogas no Minhocão.

Uma triste realidade que as autoridades fingem não existir.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Com o nome de um dos ex-generais da ditadura, "Minhocão" pode ser demolido

Bruno Pegoraro

Para Valdir Aparecido, o elevado Presidente Costa e Silva, mais conhecido como "Minhocão", trás uma lembrança dos tempos da ditadura. “O viaduto tem o nome de um dos generais da ditadura. Isso é muito triste. Sem contar que ele foi construído nos tempos do governo de Paulo Maluf, um prefeito que retrata bem o que foi a ditadura”, diz o corretor de imóveis de 42 anos.
O elevado Costa e Silva, foi construído em 1969, na primeira gestão de Paulo Maluf, como prefeito da cidade de São Paulo. Trata-se de uma obra completamente fora da arquitetura da cidade. “Para mim é um monstro de concreto. Que invadiu esse pedaço da cidade, e causou um grande impacto na sua arquitetura, e na vida das pessoas que vivem por aqui”, diz com um forte tom de reprovação.
O “Minhocão” com o tempo passou a ter a função de um espaço de lazer para o paulistano. Sendo interditado no período noturno para a pratica de atletismo, e ciclismo o morador da cidade. “Essa atitude da prefeitura não ameniza nem um pouco o impacto que ele causou na cidade. É algo muito grande e indesejado. Completamente fora da realidade da cidade. Serve apenas para escoar um pouco o trânsito, mas acho que daria para fazer vias que não prejudicassem tanto a estética da cidade”.
O elevado parece estar com os dias contados. Em 2010 o prefeito Gilberto Kassab, divulgou um projeto que visa a demolição do viaduto. As projeções apontam que até 2025 o “Minhocão” deve dar adeus a cidade de São Paulo.